1 de mar. de 2012

Retalhos

Estava instante atrás me olhando no espelho do banheiro e notei marcas no meu rosto onde ontem ficavam as espinhas. Marcas de sofrimentos, desejos e sonhos que foram soterrados, mortos ou esquecidos lá dentro daquelas gavetas onde guardava meus escritos, crônicas e poemas. O primeiro amor que fora roubado pelo amigo, a perda do sonho de família, daquela pessoa especial que você nunca mais ouviu sequer pronunciar o nome.
As lágrimas escorrendo pela face de uma infância interrompida pelo tempo que corre, ao invés de andar lentamente permitindo que cada momento seja vivido intensamente. As memórias de crianças ficam lá, guardadas naquele lugarzinho que horas nos confunde misturando o real com o imaginário.
O menino que mesmo grande de uma hora pra outra teve que crescer e virar homem. Engraçado não passei a fazer nada além daquilo que eu já fazia. Pois bem, aqueles que eu achava que cuidavam da minha vida hoje percebo que é mera preocupação comigo e aqueles que pensava que estavam do meu lado, confiava os segredos, contava as verdades e mentiras ditas por esses vinte e poucos anos percebi que nada mais são do que criaturas que realmente querem me controlar e saber por ando caminhando.
Tenho caminhado à noite e a minha única companhia tem sido as estrelas que mesmo aquelas que não consigo ver estão lá, bem no alto iluminando e enfeitando as trevas.
Continuo a caminhar sozinho e durante o percurso vem e vão pessoas, gente que conheço e gente que desconheço.
Mas as marcas, sim as marcas no meu rosto, são marcas de sofrimentos, desejos e sonhos que foram soterrados, mortos ou esquecidos lá dentro daquelas gavetas onde guardava meus escritos, crônicas e poemas.

Douglas Santos

1 comentários:

Vulcka disse...

Maldita vida que não faz as coisas como deveriam ser.
"Devia ter arriscado mais. E até errado mais. Ter feito o que eu queria fazer" Será? Por mais que as feridas sarem sem sequer cicatrizes deixar, as lembranças ficarão; Por vezes lembranças de um futuro que não aconteceu.
E o jeito é construir novas histórias, preencher novas gavetas.

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